sexta-feira, janeiro 27, 2006

Para aprofundar

- o buraco no meu quintal
- este silogismo: "todos os frigorificos são brancos, o meu caderno é preto logo as nêsperas viajam de jeep"
- o condicionalismo das máquinas de calcular
- pensamento de jusías: "o aluminio come batatas de chocolate cor-de-rosa flurescente para poder fazer crescer a relva no fundo do mar, pois se não o fizesse, originava uma reacção em cadeia que faria com que se parassem as obras para a construção civil dos botões de camisa com os quais o pâncreas produz pneus"
- a fábrica de tampas de iogurte da Trafaria

sábado, janeiro 21, 2006

As Presidenciais

Estamos novamente perante eleições. O povo português aguarda ansiosamente que mais uma vez alguém escolha o novo presidente da república. Domingo, após uma valente almoçarada, as famílias juntar-se-ão em organizada romaria rumo ao local de voto, onde calmamente colocarão um X, mais ou menos bem feito, à frente do candidato que menos argoladas enfiou durante estes meses de campanha.

* Cavaco Silva *
Descrição – Muito bem disposto, com uma expressão facial bastante diversificada.
Junto à lareira – Relembra os tempos em que afundou totalmente a economia portuguesa, com o seu sorriso secreto, género os olhos do Pedro Abrunhosa.
Outros factos – Range os dentes durante o sono.

* Manuel Alegre *
Descrição – Poeta, opositor ao regime salazarista, fóssil.
Junto à lareira – Canta os seus poemas emborcando uma garrafa de tinto da Bairrada.
Outros factos – Diz para Mário Soares: “Não, eu é que sou mais old school!”

* Mário Soares *
Descrição – Jovial, ciente, na casa dos seus 30. Praticante de snowboard e montanhismo.
Junto à lareira – Quando se consegue sentar a lareira já está apagada.
Outros factos – Autor dos mp3 do Zé Dread.

* Jerónimo de Sousa *
Descrição – Este gajo é azeiteiro.
Junto à lareira – Grita com os troncos porque não ardem todos da mesma maneira.
Outros factos – Já foi fogareiro mas ninguém sabe. Primo afastado de Lenine, correndo nas suas veias um sangue missionário.

* Francisco Louçã *
Descrição – Este gajo é rabeta
Junto à lareira – Fuma ganzas e pratica o seu discurso apaneleirado.
Outros factos – O seu sonho é despenalizar o aborto para evitar o aparecimento de outros Jerónimos de Sousa.


Eu pessoalmente vou votar em todos para ser amiguinho. E tu?

domingo, janeiro 15, 2006

Um dia como outro qualquer


Isto há dias e dias!
Este que passo a relatar resumidamente tem o seu quê de peculiaridade, por um lado porque é totalmente inventado, e por outro porque envolve manetas, travestis e outros indivíduos relativamente estranhos.

Vou eu a sair de casa, com alguma pressa para chegar à faculdade (primeiro facto não verídico - eu nunca tenho pressa para chegar à faculdade), e tropeço num vaso de margaridas amarelo fluorescente. Parto 3 dentes, corto-me no braço esquerdo, desloco o maxilar e fico com o queixo torto. Foda-se!!!
Margaridas amarelo fluorescente!??
Levanto-me, suspiro e digo qualquer coisa como "epah, parece que tá de chuva!".
E não é que estava mesmo? Fui calçar as minhas galochas, vestir a minha gabardine verde alface e segui caminho.
Já bem perto da paragem de autocarro notei que um manco estava com algumas dificuldades em atravessar a estrada. Era gajo para ter 50/55 anos. E eu fui gajo para permanecer morbidamente expectante, enquanto o manco levava uma valente passa dum Golf GTD que passava, como quem vai para Corroios. Bom, fui ver se estava tudo bem e vira-se o manco:
- Olhe, faltam-lhe 3 dentes.
E eu viro-me:
- Bem sei. E a si falta-lhe sorte.
E segui para ver se ainda apanhava a das 14:10. Bom, vou eu a atravessar a estrada e escorrego numa casca de banana estrategicamente colocada junto à berma. Ao escorregar, a banana faz aqua-planagem, bato com o focinho no painel lateral da paragem e perco os sentidos. Não me cheirava a nada e via tudo desfocado. Até que uma senhora já idosa, de farto buço e emanando um cheiro a fossa que não se podia, me ajuda a levantar. Agradeci e apanhei o autocarro.
A caminho da estação começa-se-me o pequeno-almoço a fermentar.
Então como quem não quer a coisa, solto o meu primeiro peidinho amigável. E a situação desabou. O que começou por ser fermentação, depressa se transformou em cólicas de brutalidade épica. Pah, e eu como não sou gajo para aguentar muito bem estas situações, caguei. Literalmente. Olho à volta, tudo metido nas suas vidinhas. Então, olhando lá para fora pelo vidro do autocarro, solto uma valente bufa, daquelas cuja sonoridade deixa os tímpanos dormentes. Foda-se, senti-me um verdadeiro tenor!
As pessoas olhavam com um ar enojado mas surpreendido com tamanha e descarada bufa.
Chegado à estação decidi ir ver o que se passava na casa de banho, entrei e estava um maneta no urinol do canto, a mijar e a fumar um cigarro. Gajo de bigode, desmazelado, dava ares de quem perdeu a mão numa rixa acesa lá pós lados de Alfama.
Fui então mandar um fax para a Tailândia, rapidinho mas intenso e com imensa sonoridade. Saio e vou lavar as mãos. Vira-se o maneta:
- Olhe lá, faltam-lhe 3 dentes.
E viro-me eu:
- E a si falta-lhe uma mão.
E o maneta ficou fodido.
Não lavei as mãos e pus-me logo a andar. Vou a fugir do maneta e escorrego noutra casca de banana, também estrategicamente colocada junto a um objecto bem durinho e de largas proporções, um dos pilares da estação. Como seria de esperar, bato novamente com o focinho e parto mais 2 dentes. Como se não bastasse, o maneta vai e começa-me à biqueirada. Notava-se na cara que o gajo gostava daquilo, gostava mesmo de molhar o bico a torto e a direito. O que me safou na altura foi ter soltado mais uma bufa devido ao intenso nervosismo. Bufa essa que atordoou o maneta e deu tempo para me espantar.
Sigo caminho, já bastante atrasado, e enfio-me no comboio. Escusado será dizer que esta parte também não podia ter corrido bem, e quando dou por mim estou a ir no sentido oposto. Pensei, epah já que estou aqui vou dar uma voltinha até Setúbal, ver as docas e tal. E deixei-me ir.
A dada altura reparo num travesti a apontar freneticamente para o meu queixo torto. E isto há limites para tudo! Levanto-me, aproximo-me e digo-lhe:
- Olha la, e se fosses beber groselha para ver se te vem o período!?
E mudo de carruagem.
Chegado a Setúbal comecei a pensar: "Mas o que raio faço eu aqui? devia estar na faculdade a fingir que trabalho." E nisto avisto o travesti, que seguia com uma alcofa na mão. Pensei: “Deve ir até às docas comprar peixe, ou então vai a uma festa transformista mascarado de dona de casa”. Tinha 50% de hipóteses de acertar, decidi segui-lo.

A caminho sou surpreendido por um policia que segue no seu cavalo branco e me diz:
- Ó rapaz, faltam-lhe 5 dentes.
Ao qual eu replico:
- Eu sei xerife. E o seu animal está a arremessar uma bruta poia (e quando digo poia não me refiro a uma mulher pesadona que gosta de estar sentada, refiro-me a uma quantidade significativa de excrementos) pá via pública. E com bastante preceito, devo acrescentar!
O polícia dá um raspanete ao cavalo e segue rua abaixo em trote moderado.
Nisto, perco o travesti de vista.

(... to be continued ...)