domingo, janeiro 15, 2006

Um dia como outro qualquer


Isto há dias e dias!
Este que passo a relatar resumidamente tem o seu quê de peculiaridade, por um lado porque é totalmente inventado, e por outro porque envolve manetas, travestis e outros indivíduos relativamente estranhos.

Vou eu a sair de casa, com alguma pressa para chegar à faculdade (primeiro facto não verídico - eu nunca tenho pressa para chegar à faculdade), e tropeço num vaso de margaridas amarelo fluorescente. Parto 3 dentes, corto-me no braço esquerdo, desloco o maxilar e fico com o queixo torto. Foda-se!!!
Margaridas amarelo fluorescente!??
Levanto-me, suspiro e digo qualquer coisa como "epah, parece que tá de chuva!".
E não é que estava mesmo? Fui calçar as minhas galochas, vestir a minha gabardine verde alface e segui caminho.
Já bem perto da paragem de autocarro notei que um manco estava com algumas dificuldades em atravessar a estrada. Era gajo para ter 50/55 anos. E eu fui gajo para permanecer morbidamente expectante, enquanto o manco levava uma valente passa dum Golf GTD que passava, como quem vai para Corroios. Bom, fui ver se estava tudo bem e vira-se o manco:
- Olhe, faltam-lhe 3 dentes.
E eu viro-me:
- Bem sei. E a si falta-lhe sorte.
E segui para ver se ainda apanhava a das 14:10. Bom, vou eu a atravessar a estrada e escorrego numa casca de banana estrategicamente colocada junto à berma. Ao escorregar, a banana faz aqua-planagem, bato com o focinho no painel lateral da paragem e perco os sentidos. Não me cheirava a nada e via tudo desfocado. Até que uma senhora já idosa, de farto buço e emanando um cheiro a fossa que não se podia, me ajuda a levantar. Agradeci e apanhei o autocarro.
A caminho da estação começa-se-me o pequeno-almoço a fermentar.
Então como quem não quer a coisa, solto o meu primeiro peidinho amigável. E a situação desabou. O que começou por ser fermentação, depressa se transformou em cólicas de brutalidade épica. Pah, e eu como não sou gajo para aguentar muito bem estas situações, caguei. Literalmente. Olho à volta, tudo metido nas suas vidinhas. Então, olhando lá para fora pelo vidro do autocarro, solto uma valente bufa, daquelas cuja sonoridade deixa os tímpanos dormentes. Foda-se, senti-me um verdadeiro tenor!
As pessoas olhavam com um ar enojado mas surpreendido com tamanha e descarada bufa.
Chegado à estação decidi ir ver o que se passava na casa de banho, entrei e estava um maneta no urinol do canto, a mijar e a fumar um cigarro. Gajo de bigode, desmazelado, dava ares de quem perdeu a mão numa rixa acesa lá pós lados de Alfama.
Fui então mandar um fax para a Tailândia, rapidinho mas intenso e com imensa sonoridade. Saio e vou lavar as mãos. Vira-se o maneta:
- Olhe lá, faltam-lhe 3 dentes.
E viro-me eu:
- E a si falta-lhe uma mão.
E o maneta ficou fodido.
Não lavei as mãos e pus-me logo a andar. Vou a fugir do maneta e escorrego noutra casca de banana, também estrategicamente colocada junto a um objecto bem durinho e de largas proporções, um dos pilares da estação. Como seria de esperar, bato novamente com o focinho e parto mais 2 dentes. Como se não bastasse, o maneta vai e começa-me à biqueirada. Notava-se na cara que o gajo gostava daquilo, gostava mesmo de molhar o bico a torto e a direito. O que me safou na altura foi ter soltado mais uma bufa devido ao intenso nervosismo. Bufa essa que atordoou o maneta e deu tempo para me espantar.
Sigo caminho, já bastante atrasado, e enfio-me no comboio. Escusado será dizer que esta parte também não podia ter corrido bem, e quando dou por mim estou a ir no sentido oposto. Pensei, epah já que estou aqui vou dar uma voltinha até Setúbal, ver as docas e tal. E deixei-me ir.
A dada altura reparo num travesti a apontar freneticamente para o meu queixo torto. E isto há limites para tudo! Levanto-me, aproximo-me e digo-lhe:
- Olha la, e se fosses beber groselha para ver se te vem o período!?
E mudo de carruagem.
Chegado a Setúbal comecei a pensar: "Mas o que raio faço eu aqui? devia estar na faculdade a fingir que trabalho." E nisto avisto o travesti, que seguia com uma alcofa na mão. Pensei: “Deve ir até às docas comprar peixe, ou então vai a uma festa transformista mascarado de dona de casa”. Tinha 50% de hipóteses de acertar, decidi segui-lo.

A caminho sou surpreendido por um policia que segue no seu cavalo branco e me diz:
- Ó rapaz, faltam-lhe 5 dentes.
Ao qual eu replico:
- Eu sei xerife. E o seu animal está a arremessar uma bruta poia (e quando digo poia não me refiro a uma mulher pesadona que gosta de estar sentada, refiro-me a uma quantidade significativa de excrementos) pá via pública. E com bastante preceito, devo acrescentar!
O polícia dá um raspanete ao cavalo e segue rua abaixo em trote moderado.
Nisto, perco o travesti de vista.

(... to be continued ...)

1 comentário:

Filipe disse...

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